sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Saúde, educação, vida e morte

Nossa constituição garante saúde e educação (além de segurança e moradia)  para todos. Para isso são pagos os impostos. Mas, na prática, se você depender de assistência médica e de escola pública você será um cadáver mal-educado! Então você, quando pode, põe os filhos na escola particular e faz um plano de saúde. Daí, ironicamente, as escolas de ensino fundamental e médio particulares, ou seja daqueles que têm dinheiro fornecem o grosso dos estudantes das escolas públicas superiores, que são as melhores! Os pobres, se quiserem um curso superior, têm que trabalhar de dia e estudar à noite nas faculdades particulares, no caso, péssimas. E o governo vai financiar agora mais de 50.000 bolsas de estudo no exterior para os melhores estudantes classificados no ENEM! Quer dizer: os ricos vão estudar de graça em Harvard, MIT, e outros tantos centros de excelência! E a saúde? Hospitais públicos lotados, mal equipados. Então você tem que pagar esses planos de saúde. Enquanto jovem, trabalhando você paga relativamente pouco, mas também raramente usa algum recurso médico mais caro. Você se casa, tem filhos e estes passam a ser seus dependentes e continuam a encher os bolsos dos donos desses planos. Mas aí, depois de 35, 40 anos de serviço vem a aposentadoria. As mensalidades do plano aumentam proporcionalmente ao aumento da sua idade e a de seus dependentes. As doenças também aparecem.  Então você começa a ter que usar o sistema médico mais  frequentemente, fica hipertenso, tem problemas na coluna, colesterol alto etc.. Os remédios são diário e caros. A aposentadoria não acompanha o aumento dos gastos. Então você tenta mudar para um plano de saúde mais barato. Eles existem mas, para a sua idade, há uma carência de até dois anos para certas patologias. Então você tem que torcer para não ter um AVC ou um infarto durante este prazo. 
Alguém poderia dizer: "mas agora existe a portabilidade de um plano para o outro, sem carências". Mas não é bem assim. Se o plano de onde você sair for um plano empresarial esta regra não se aplica se a migração for para um plano individual, que é o que constatei no meu caso. 
Enquanto isso, nossos governantes, de todos os partidos, quando adoecem onde vão se tratar? No Hospital das Clínicas? No Souza Aguiar? Não! Eles vão para o Sírio-libanês, Albert Einstein, Copa D'Or, e outros do  tipo! Onde estudam os filhos dos nossos dirigentes de todos os poderes? Em alguma escola estadual ou municipal? Claro que não. Estão nas melhores escolas particulares do Brasil ou do exterior. 
Eu só vou acreditar neste país, no dia em que houver uma lei que obrigue que todos os governantes, legisladores e magistrados sejam obrigados, no exercício do cargo, a se utilizarem para si e para seus dependentes das escolas e serviços de saúde públicos sob qualquer circunstância!

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Dois pesos e duas medidas

É muito interessante a maneira pela qual a mídia trata de modo diferente fatos parecidos, dependendo de onde eles ocorrem. Recentemente a grita foi geral quando o governo egípcio ameaçou fechar as redes sociais (facebook, twitter, etc.) por onde os manifestantes organizavam seus atos contra o governo. Agora, na Inglaterra a onda de atos, digamos, de desordem que se seguiram à morte de um jovem negro levou o governo do democrático país europeu a fazer as mesmas ameaças. Reação da mídia? Bem, aí no caso são vândalos, desordeiros, não estão lutando pela democracia, etc... Então, pode. Eta hipocrisia.
Segue um link bem esclarecedor da situação na Inglaterra que eu tomei a liberdade de emprestar do Altamiro Borges.
Altamiro Borges: Quem são os “criminosos” de Londres?: "Por Altamiro Borges A explosão de revolta na
Inglaterra fez aflorar os preconceitos mais reacionários das elites dominantes e da sua mídi..."