quinta-feira, 9 de julho de 2015

Vida

A vida é um mistério maravilhoso mas tem um defeito: é muito curta. Quantas coisas eu vi e senti nestes meus sessenta e cinco anos. E assim mesmo eu experimentei apenas uma pequena fração do que eu gostaria de vivenciar. O grande problema é esse; você só se dá conta da importância de aproveitar cada minuto da vida quando já não pode fazê-lo.  


sábado, 4 de julho de 2015

ARTESANATO




Aqui vão algumas fotos de miniaturas de casa feitas pela minha esposa Lu Teixeira Magalhães





















domingo, 20 de janeiro de 2013

Pobres pedestres

Todos os dias vou a meus compromissos, basicamente, de carro. Aqui, em Campinas, já temos problemas de congestionamento, lentidão, vias esburacadas e outros  típicos de uma grande cidade. Claro que, diferentemente de São Paulo, esses problemas são pontuais e ocorrem somente nos horários de pico, e numa intensidade ainda suportável e o carro é a melhor opção de ir e vir.

Nunca gostei muito de praticar esportes, correr ou, mesmo, caminhar. Claro, que essa vida sedentária, aliada a uma alimentação não muito saudável cobrou seu preço: fiquei um pouco acima do peso, com aqueles colesteróis e triglicérides todos e, pior de tudo: hipertenso!

Depois do susto de um cateterismo e da condenação à medicação pelo resto da - espero que longa - vida, fui instado pelo meu médico a fazer caminhadas regulares para o bem da minha saúde. E é o que faço,  não com a frequência recomendada, preferencialmente no clube perto de casa.

Hoje, por uma condição extraordinária, o carro da família ficou com a esposa que foi à feira de artesanato, onde vende seus trabalhos de porcelana. Como a feira não é muito longe de casa, resolvi ir me encontrar com ela a pé. Iria unir o útil ao prescrito. Foi então que constatei que, realmente, as cidades brasileiras não foram feitas para os pedestres. 

As calçadas (passeios) são heterogêneas. Como são de responsabilidade de cada dono de imóvel, cada um faz a sua do jeito que quer, isso quando faz. Algumas são bem feitas, com superfície plana e espaço para se caminhar, mas a maioria é mal conservada, com piso irregular, buracos e pedrinhas soltas.

 Ah, essas calçadas de pedras portuguesas! Acho que só em Copacabana e Lisboa elas são bonitas e bem conservadas. Aqui, elas estão todas com pedras faltantes, remendos horrorosos e sem nenhuma uniformidade.

 Constatei que Campinas têm muitas árvores! A maioria imensa, com raízes gigantescas que tomam quase todo o espaço do passeio. Então, você tem que ir para a rua, disputar o espaço como os carros e as motos! Eu acho lindas as árvores. Plantei em frente de minha casa um lindo ipê-amarelo e uma dama-da-noite. São lindas, perfumadas e não atrapalham o espaço de ninguém. Na verdade, o gramado onde elas estão plantadas é muito bem adubado pelo cocô dos cachorros que saem a passear com seus educados donos!

Mas, o problema, não acaba aí. Existem os cruzamentos. Todos eles têm faixa para pedestres. Muitos reclamam que ninguém respeita a faixa de pedestres. A maioria até que procura respeitar. Mas a questão não é essa. O caso é que os semáforos são feitos para os carros. Existe uma rotatória famosa em Campinas, chamada Balão do Castelo. É que, no centro dela, fica uma antiga caixa d'água desativada que é um observatório de onde de se vê grande parte da cidade. Desembocam ali seis ou sete ruas e avenidas. Existem dois semáforos. A solução então é, ou você corre como um atleta de corrida de obstáculos, ou demora cerca de uma hora para atravessar de um ponto ao outro. 

Bem, depois de uma cansativa e emocionante jornada cheguei à praça, ofegante e agradecendo aos céus por poder sentar e saber que a volta seria de carro!



PS. Não preciso dizer que a palavra "acessibilidade" ainda não foi introduzida no vocabulário das      autoridades de Campinas! Vi apenas duas guias rebaixadas para cadeiras de roda nesse caminho de 1,5km!


sábado, 12 de janeiro de 2013

O racionamento irracional

Anteontem, a grande mídia espalhou aos quatro ventos que estávamos à beira de um racionamento de energia elétrica. Os reservatórios das hidrelétricas estavam secando e as chuvas estavam demorando a chegar. Uma jornalista de um grande jornal chegou mesmo a divulgar a notícia de que uma reunião de emergência fora convocada em Brasília para discutir tão grave situação. Na verdade, tratava-se de um reunião ordinária do setor elétrico, já agendada para todo o ano de 2013 com as datas já predeterminadas desde o último ano!
Imediatamente, pessoas sérias e competentes,e mesmo o Ministro das Minas e Energia, descartaram essa previsão apocalíptica com explicações mais que convincentes de que a capacidade instalada aumentou nos últimos dez anos em mais de 50%, que foram construídas usinas termelétricas suficientes para garantir o suprimento à população, além da construção de milhares de quilômetros de linhas de transmissão, interligando os sistemas em todo o Brasil, permitindo a transferência de energia de uma região carente para outra com falta momentânea de capacidade geradora. É lógico que que falhas eventuais, até mesmo de grande porte ainda podem ocorrer. O Brasil é um país muito grande, sujeito a grande incidência de chuvas, raios e outros fenômenos naturais, além das inevitáveis falhas humanas e do modelo de controle do governo, ainda ineficaz, das concessionárias públicas e privadas. Só para ilustrar é bom lembrar que Nova Iorque teve grande parte da cidade com falta de energia por vários dias, depois da tempestade Sandy. Imagine se fosse no Brasil.
Não é preciso dizer o que aconteceu com as ações das companhias concessionárias. Tiveram uma queda acentuada na Bolsa de Valores. Mas, então, depois das manifestações oficiais e das de pessoas que entendem do assunto, bastou um dia de chuvas para que a mesma mídia anunciasse que os reservatórios já começavam a se recompor e que era muito improvável o advento de um  apagão "a la" 2001. Um dia de chuva! Em um dia o espectro do racionamento desapareceu! E as ações voltaram a crescer!
O título do post, é "O racionamento irracional". Será que foi assim tão irracional?

sábado, 1 de setembro de 2012

Mobilidade urbana

AQUI HAVIA UMA FOTO DE UM CONGESTIONAMENTO DE TRÂNSITO NA ANHANGUERA
Eu removi porque não foi autorizada pelo autor

Essa foi a aparência do trânsito ontem à noite, por volta das 19:30h, na Anhanguera entre Campinas e Sumaré. São entre oito e dez pistas de rolamento. Imaginem como é na hora do rush! E isso se repete em toda Região Metropolitana de Campinas.
Qual é a resposta das autoridades estaduais e municipais para esse problema? Basicamente, ampliação das pistas e criação de corredores rodoviários. Mas essas soluções estão esgotadas. São muitos carros novos entrando diariamente em circulação. E agora, com a diminuição dos impostos para as montadoras e as facilidades de crédito, vocês podem imaginar onde isso vai acabar.
Mas o fato é que existe uma solução quase pronta para esse problema. Sim existe! Está ao lado dessa bela e pedagiada estrada! Está ali, atravessando todas as cidades da RMC servidas pela Anhanguera. É a ferrovia anteriormente chamada de Fepasa quando pertencia ao estado e, hoje, depois de privatizada, relegada ao transporte de carga, com o trânsito de pouquíssimas composições por dia. Com um pouco de boa vontade política, trens metropolitanos poderiam circular por essa ferrovia, dividindo, sem problema, a via com os trens de carga. Na verdade, na capital, já acontece isso na mesma ferrovia, começando em Jundiaí e indo até o centro de São Paulo. Não precisamos de trem-bala, nem de nada tão sofisticado. É só melhorar o leito da ferrovia e eletrificar novamente o trecho e milhares de carros sairiam das rodovias.  Muita gente (governador, prefeitos) fala do tal trem metropolitano, mas fazer que é bom, nada. Será que as concessionárias de rodovias são tão poderosas que seu lobby não permite que se melhorem as condições de vida de milhares de pessoas que gastam seu tempo e dinheiro e arriscam suas vidas nas suas lindas "highways"?



sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Para refletir

A implosão da mentira
Affonso Romano de Sant'Anna

Fragmento 1

               Mentiram-me. Mentiram-me ontem
               e hoje mentem novamente. Mentem
               de corpo e alma, completamente.
               E mentem de maneira tão pungente
               que acho que mentem sinceramente.

               Mentem, sobretudo, impune/mente.
               Não mentem tristes. Alegremente
               mentem. Mentem tão nacional/mente
               que acham que mentindo história afora
               vão enganar a morte eterna/mente.

               Mentem. Mentem e calam. Mas suas frases
               falam. E desfilam de tal modo nuas
               que mesmo um cego pode ver
               a verdade em trapos pelas ruas.

               Sei que a verdade é difícil
               e para alguns é cara e escura.
               Mas não se chega à verdade
               pela mentira, nem à democracia
               pela ditadura.
Do site www.releituras.com

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

VLT de Campinas

Vi, ontem na TV, que em Brasília estão construindo um sistema de  VLT´s (Veículo Leve sobre Trilhos) para atender a demanda de transporte para a Copa do Mundo. Lembrei-me então que aqui, em Campinas, foi construída e funcionou por uns 2 ou três anos, no começo dos anos 90, uma linha desse modal de transporte, que para sua construção não teve a necessidade de gasto algum com desapropriações, uma vez que utilizava o abandonado leito ferroviário da extinta Fepasa. A linha em questão ia do Jardim Miranda até a antiga estação da Fepasa. O plano era utilizar a malha ferroviária abandonada que possibilitaria interligar a Região do Ouro Verde até onde hoje existem vários shoppings, pelos lados da rodovia D.Pedro I além  de   interligar ao sistema o distrito de Barão Geraldo. A primeira linha foi inaugurada parcialmente e funcionou gratuitamente por algum tempo. Foram gastos, se não me falha a memória cerca de 100 milhões de dólares para a implantação dos trilhos construção de estações e de alguns viadutos. O fato é que, alegando falta de lucro, a empresa contratada para a operação do trecho retirou o material rodante, deixando de operá-lo e todo aquele investimento, em vez de ser preservado pela prefeitura para posterior retomada das obras e impedimento da deterioração do que já havia sido construído, foi deixado à inevitável destruição e vandalização. Outra grande desculpa para a paralisação do sistema era que o ponto inicial ficava muito distante do centro da cidade o que, como vemos hoje é uma falácia, já que o terminal rodoviário metropolitano fica ainda mais distante e não houve  nenhuma reclamação dos usuários.
Hoje vemos Campinas, cada dia que passa, com mais carros e ônibus poluidores, com um sistema de transporte coletivo ineficiente, enquanto as ruínas das estações do VLT servem de abrigo à drogados e marginais e o antigo leito ferroviário, na maior parte do traçado tomado pelo mato e pelo lixo e, na outra parte  utilizado com os mais diversos fins, o último dos quais foi a doação para uma faculdade particular. 
Eu deixo uma pergunta no ar: quem foi responsabilizado pelo prejuízo de tantos milhões de reais, transformados, literalmente, em lixo?